E começa mais uma corrida pela posse das confortáveis poltronas do Governo. Seja em Brasília, seja na sua pequena cidade, os “bons samaritanos” já estão tecendo seus melhores discursos, recheados de falsos moralismos, mentiras, verdades, boa intenção e muito, mas muito rabo preso (em sua grande maioria).
A maior parte das pessoas que me conhecem sabe que sou apolítico, pra quem não entendeu a palavra significa que não sou partidário, não gosto de política, nem de político. Aí vocês me perguntam: Porque?, e eu respondo de forma clara e objetiva, “eu não acredito na política brasileira”. E isso não é de agora, quando adulto! Não, isso vem desde os tempos de criança, anos 80 e 90, quando comecei a entender um pouco mais sobre o assunto.
Me lembro bem de escândalos como do INAMPS, Caso Vale, INSS, Previdência, sobre a administração do PT (Paulo Tarso), Precatórios e o tão famoso (e malfadado) Fernando Collor de Mello. Com certeza a grande massa da internet atual não faz ideia de quem é e o que fez o ex-Presidente Fernando Collor (muito menos sobre os outros citados, o que dirá da atualidade), mas eu digo, ele e sua corja disfarçada de bons moços foram responsabilizados por crimes de corrupção, exploração de prestígio, falsificação, sonegação, formação de quadrilha, falso testemunho, entre tantos outros. Estimava-se que um total de 6 milhões e 500 mil dólares haviam sido transferidos para os gastos pessoais do presidente. E esse foi apenas o caso do Collor!
A minha base de experiência política se formou numa das épocas mais tempestuosas sobre o assunto. Era tanto escandalo, tanta roubalheira e tanta pizza que a indigestão era certa. Atualmente, adulto e ciente dos fatos atuais, presenciei mais uma montanha de absurdos cometidos pelos políticos que nós colocamos no Poder, seja Municipal, Estadual ou Federal, absurdos que nos revoltam, nos entristecem, e que infelizmente só são lembrados quando não temos campeonato de futebol, BBB, novela de sucesso e em época de eleição. O povo brasileiro tem memória curta e seletiva, só fixa o que lhe interessa e o que não se converte em acionar o funcionamento do cérebro, afinal, pensar em coisas que nos desagradam é cansativo, chato e no fim das contas nada será feito pra mudá-lo.
Eleições. Pra começar o assunto eu digo que, na minha opinião, num país dito democrático o voto deveria ser facultativo, ou seja, não obrigatório. A nossa Lei, que nos determina o “direito” do voto parece temer a falta de quórum em algum momento, dado o grau de insatisfação de boa parte da população em relação à política nacional. Podemos perceber o elevado nível de casos de corrupção que domina o país, desde as grandes metrópoles até as cidades mais remotas, que normalmente são os locais onde a festa é grande, mas como as pessoas tem baixo grau de instrução (as vezes nenhum) nada é percebido imediatamente. Sou contra o voto obrigatório, não que eu determine que nunca votaria, muito pelo contrário, gostaria de fazê-lo, assim como o faço, nos momentos em que a minha consciência me guiasse pra isso. Nos últimos 10 anos eu não participei da “festa da democracia”, havia me mudado para outra cidade que não meu colégio eleitoral, justificando meu voto, ou anulando quando o fazia.
Hoje estou de volta à minha antiga cidade, Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro. Um paraíso natural a beira mar, cercada por 365 ilhas e mais de duas mil praias e 509 anos de história brasileira. Um prato cheio para o turismo, para o crescimento econômico, social e cultural, mas entra mandato e sai mandato e pouco é feito para se melhorar isso. O Governo local nunca primou pela rica história do município, permitindo a destruição do patrimônio histórico da cidade e a não manutenção dos que restaram. A Infraestrutura pro turista também não anda bem das pernas. Até poucos anos atrás não existia um centro de recepção e informações suficientemente bom, o cais onde atracava-se as barcas para a Ilha Grande parecia um cenário de filme de terror, não haviam banheiros públicos pela cidade, guarda-volumes, estacionamento, guias… enfim, ficava a cargo do próprio turista se virar na cidade, e da maneira que podia. Atualmente isso mudou um pouco (não pelo presente Governo). Foram construídos novos banheiros públicos, conhecidos como o “Banheiro do Milhão”, dado seu custo (!!!), um novo cais de turismo, com recepção, catracas, deck de madeira em toda sua extensão, novos restaurantes em seu entorno, o centro da cidade foi reformulado para que fossem adicionadas novas vagas de estacionamento, enfim, houve uma melhora nesse ponto, mas no que diz respeito a todos os outros pontos fica a desejar.
Um dos pontos que citei acima e que me deixa desgostoso é sobre o patrimônio arquitetônico que vem sendo destruído. Uma cidade com a história que Angra tem deveria ser protegida, assim como se fez com Paraty, tornar-se patrimônio da humanidade, mas infelizmente o progresso anda de mãos dadas com o esquecimento, e o Governo local apoia essa atitude destruidora, autorizando demolições de prédios e casas antigas. É triste e deprimente.
Enfim, se eu for enumerar todos os problemas que encontrei, tanto em Angra dos Reis, quanto nas outras cidades que morei, iria escrever por muitas outras páginas. A política brasileira é baseada no esquecimento, na memória fraca do povo e não sua não capacidade de lutar por um ideal político sério, que valha para o coletivo e não apenas para si. Penso que essa realidade pode ser mudada sim, mas para que isso aconteça as pessoas precisam entender mais sobre a administração do país, saber para onde vão seus impostos, o que de bom é feito para a sociedade, não apenas marcar presença no dia das eleições, votar no primeiro canditado que aparecer e esperar que ele mude a realidade atual.
Outro fato importante acerca do circo político que acho que deveria mudar é a forma como são feitas as candidaturas. Atualmente qualquer pessoa que queira concorrer a um cargo é livre para fazê-lo, não importando a sua capacidade política, o seu grau de conhecimento sobre administração municipal, no caso dos vereadores, e muito menos o seu grau de instrução. A festa é tão grande e descarada que os cicerones lançam candidatos que mais se assemelham a figuras folclóricas! É Mazaropi da Carroça, Pelé da Moto Preta, Zé das Couves, Clark Crente…. tudo para que o eleitorado inerte e despreocupado vote nesse tipo de candidato, visando a quantidade de votos que a legenda recebe, podendo assim eleger um número maior de raposas, digo, candidatos.
Aqui em Angra temos um bom exemplo de candidato de legenda. Um senhor que reside na minha rua, que só faz campanha aqui, na nossa rua!!! Só distribui santinhos, placas e usa o carro de som com seu jingle irritante aqui! Chega a ser cômico vê-lo dirigir de uma ponta a outra da rua sem ao menos sair dela. E o pior, esse indivíduo teve o disparate de colocar placas de candidatos “raposas” na sua própria casa! E aposto, ainda recebe votos, nem que seja apenas o dele mesmo.
Ainda sobre os “raposas”. Aqui temos um bem famoso, com nome de cidade de nascentes de água mineral. Homem poderoso, rico, influente, praticamente um Coronél dos contos de Jorge Amado. Manda e desmanda como quer. Já foi prefeito e hoje é Deputado Federal, e já apareceu até no programa CQC, da Band, passando vergonha, é claro. Esse senhor é um dos atuais candidatos a reeleição para prefeito em Angra dos Reis. Não digo que seu governo municipal tenha sido de todo ruim, seria mentira se o fizesse. Fez muita obra, construiu, reformou, maquiou e mudou a cara da cidade, mas ao meu ver foi o último verbo que prevaleceu. A cidade foi maquiada.
Existe aqui um outro empresário do ramo de alimentos, também candidato a vereador, que lançou como base de projetos do seu plano político um projeto muito interessante e viável para a cidade. Trata-se de um trem de passageiros, o VLT, um trem, também conhecido como “Metrô de Superfície”. O projeto, atualmente viável e favorável à situação atual acerca do transporte público local e o espaço físico da cidade para os carros, foi motivo de chacota numa reunião do candidato citado anteriormente. O custo inicial apresentado é de 20 milhões de Reais, muito abaixo dos 32 milhões investidos na despoluição da Praia do Anil, que nunca aconteceu, mas é adornada com uma bela placa dizendo “Governo Presente”. O candidato das minorias mais abastadas disse que, caso esse projeto fosse aprovado, ele construiria uma ponte ligando o continente ao Provetá, na Ilha Grande. Piadas criadas a partir da confiança e do dinheiro do contribuinte só é engraçada para quem frequenta os belos salões do Governo. Para nós é como soda cáustica. Fede, destrói e mata, principalmente a nossa consciência política.
Enfim, reafirmo minhas convicções, não acredito na política brasileira de forma geral. Sei que muitos políticos (ou nem tanto assim) ainda pensam de forma coerente, generosa e honesta, lutando pelo coletivo e não pelas minorias, buscando melhorar a sociedade como um todo, mas infelizmente uma grande parcela desses bons samaritanos será contaminada pelo poderoso veneno dos podres e dos Coronéis. Nessas eleições eu vou votar sim, porém, apenas para vereador. Em se tratando dos candidatos à Prefeitura prefiro me abster. Não confio em nenhum dos dois pelo seu passado e histórico político. Sei que um deles subirá ao tão desejado trono, mas eu prefiro não fazer parte dessa coroação.
Busquem informações, pesquise seu candidato, saiba seu plano de governo, converse com outros sobre a vida desse “possível” político. Não se deixe enganar por palavras doces, apertos de mão ou “agrados” que oferecem. Não se renda às raposas sedentas, não se venda. Pense, aja, lute! Mudar a realidade do nosso país depende de nós, e só!